Brazilian Journal of Anesthesiology
https://bjan-sba.org/article/doi/10.1590/S0034-70942007000300003
Brazilian Journal of Anesthesiology
Artigo Científico

Remifentanil: o regime de infusão faz diferença na prevenção das respostas circulatórias à intubação traqueal?

Remifentanil: does the infusion regimen make a difference in the prevention of hemodynamic responses to tracheal intubation?

Fernando Squeff Nora; Rodrigo Klipel; Gustavo Ayala; Getúlio Rodrigues de Oliveira Filho

Downloads: 1
Views: 1585

Resumo

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Os opióides em doses elevadas diminuem a resposta circulatória à intubação traqueal. Entretanto, o lento perfil de recuperação dos opióides tradicionais pode limitar a utilização em altas doses. O remifentanil possui tempo de início e de término de ação rápidos e previsíveis, o que o diferencia dos demais. O objetivo primário deste estudo foi verificar a hipótese de que não há necessidade de iniciar a administração de remifentanil antes da indução com o propofol. MÉTODO: Foram avaliados 30 pacientes, divididos em dois grupos, que receberam anestesia geral venosa total. No Grupo 1, a infusão de remifentanil (0,3 µg.kg-1.min-1) foi iniciada dois minutos antes da indução e, no Grupo 2, juntamente com a indução. Foram avaliadas as pressões arteriais sistólica, diastólica e média (PAS, PAD, PAM), freqüência cardíaca (FC), concentrações no local efetor de propofol (CEF-prop) e de remifentanil (CEF-remi) em três momentos: basal (M0); após a perda do contato verbal (M1); e após a intubação traqueal (M2). RESULTADOS: As pressões arteriais apresentaram reduções significativas em ambos os grupos, em M1 e M2. A CEF-remi foi maior no Grupo 1, em M1 e maior, no Grupo 2, em M2 (p < 0,05). Houve correlações estatísticas significativas entre o índice de sobrecarga vascular (ISV) e a variação tensional sistólica após perda do contato verbal, no Grupo 1 (r = -0,80; p < 0,01), e após a intubação traqueal, no Grupo 2 (r = -0,60; p < 0,01). CONCLUSÕES: O remifentanil, administrado dois minutos antes da indução, com o propofol, não causou proteção cardiovascular adicional às manobras de intubação traqueal. Isso sugere que o início da infusão de remifentanil dois minutos antes da indução seja desnecessário.

Palavras-chave

ANALGÉSICOS, Opióide, ANESTÉSICOS, Venoso, TÉCNICAS ANESTÉSICAS, Geral

Abstract

BACKGROUND AND OBJECTIVES: High doses of opioids decrease the hemodynamic response to tracheal intubation. However, the slow recovery profile of traditional opioids may limit the use of high doses. Remifentanil has a fast time of onset and is short acting, which differentiates it from the other drugs in this class. The primary objective of this study was to verify the hypothesis that there is no need to initiate the administration of remifentanil before the induction with propofol. METHODS: Thirty patients, divided in two groups, who received total intravenous anesthesia, were evaluated. In Group 1, the infusion of remifentanil (0.3 µg.kg-1.min-1) was initiated two minutes before induction, and in Group 2, at the same time of the induction. Systolic, diastolic, and mean arterial blood pressure (SBP, DBP, MAP), heart rate (HR), concentration of propofol (CEF-prop) and remifentanil (CEF-remi) in the effector area in three moments: baseline (M0), after losing verbal contact (M1), and after tracheal intubation (M2) were evaluated. RESULTS: There were significant reductions in blood pressure in both groups at M1 and M2. CEF-remi was greater in Group 1, at M1, and greater in Group 2, at M2 (p < 0.05). There was a significant statistical correlation between the vascular overload index (VOI) and the variation of the systolic pressure after the loss of verbal contact in Group 1 (r = -0.80; p < 0.01) and in Group 2 after tracheal intubation (r = -0.60; p < 0.01). CONCLUSIONS: Remifentanil administered two minutes before induction with propofol did not offer additional cardiovascular protection to tracheal intubation. This suggests that it is not necessary to start the infusion of remifentanil two minutes before anesthetic induction.

Keywords

ANALGESICS, Opioid, NESTHETICS, Intravenous, ANESTHETIC TECHNIQUES, General

Referências

Peacock JE, Luntley JB, O'Connor B. Remifentanil in combination with propofol for spontaneous ventilation anaesthesia. Br J Anaesth. 1998;80:509-511.

Nora FS, Fortis EAF. Remifentanil: por que precisamos de outro opióide?. Rev Bras Anestesiol. 2001;51:146-159.

Scholz J, Steinfath M, Schulz M. Clinical pharmacokinetics of alfentanil, fentanyl and sufentanil: An update. Clin Pharmacokinet. 1996;31:275-292.

Minto CF, Schnider TW, Egan TD. Influence of age and gender on the pharmacokinetics and pharmacodynamics of remifentanil: I Model development. Anesthesiology. 1997;86:10-23.

Minto CF, Schnider TW, Shafer SL. Pharmacokinetics and pharmacodynamics of remifentanil: II Model application. Anesthesiology. 1997;86:24-33.

Marsh B, White M, Morton N. Pharmacokinetic model driven infusion of propofol in children. Br J Anaesth. 1991;67:41-48.

Marsh BJ, Morton NS, White M. A computer controlled infusion of propofol for induction and maintenance of anaesthesia in children. Can J Anaesth. 1990;37:S97.

Oliveira Filho GR, Teixeira Filho N, Pederneira SG. Índice de sobrecarga vascular e pressão arterial como indicadores de variação tensional sistólica após indução anestésica com propofol em pacientes normotensos e hipertensos. Rev Bras Anestesiol. 2000;50:269-272.

Glass PS, Gan TJ, Howell S. A review of the pharmacokinetics and pharmacodynamics of remifentanil. Anesth Analg. 1999;89:S7-14.

Rosow CE. An overview of remifentanil. Anesth Analg. 1999;89:S1-3.

Servin F. Remifentanil: when and how to use it. Eur J Anaesthesiol. 1997:41-44.

Reves JG, Glass PSA, Lubarsky DA. Intravenous Nonopioid Anesthetics. Miller's Anesthesia. 2005:317-378.

Shafer SF, Schwinn DA. Basic Principles of Pharmacology Related to Anesthesia. Miller's Anesthesia. 2005:67-104.

Peacock JE, Philip BK. . 1999;89:S22-27.

Thompson JP, Hall AP, Russell J. Effect of remifentanil on the haemodynamic response to orotracheal intubation. Br J Anaesth. 1998;80:467-469.

Myre K, Raeder J, Rostrup M. Catecholamine release during laparoscopic fundoplication with high and low doses of remifentanil. Acta Anaesthesiol Scand. 2003;47:267-273.

5dd8352e0e88259e4013f286 rba Articles
Links & Downloads

Braz J Anesthesiol

Share this page
Page Sections