Brazilian Journal of Anesthesiology
https://bjan-sba.org/article/doi/10.1590/S0034-70942006000200005
Brazilian Journal of Anesthesiology
Scientific Article

Prevalência de sinais/sintomas sugestivos de sensibilização ao látex em profissionais de saúde

Prevalence of signs/symptoms suggestive of latex sensitization in health care workers

Lígia Andrade da Silva Telles Mathias; Marcos P F Botelho; Laudinely M de Oliveira; Silvio J B Yamamura; Renato L G Bonfá; Solange Marsura

Downloads: 0
Views: 1158

Resumo

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: As referências na literatura sobre reações aos derivados do látex têm aumentado significativamente nos últimos anos. Faltam, entretanto, dados do nosso país relativos à prevalência de sensibilização ao látex nos profissionais da área da saúde. O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência de sinais/sintomas sugestivos de sensibilização ao látex em profissionais da área da saúde. MÉTODO: Após aprovação pelo Comitê de Ética foram selecionados indivíduos pertencentes ao quadro da instituição: funcionários do Setor de Limpeza, Contabilidade e Divisão de Enfermagem do Centro Cirúrgico; Médicos da Cirurgia, Ginecologia, Obstetrícia, Anestesiologia, Unidade de Terapia Intensiva e Clínica Médica. Após consentimento informado, os indivíduos foram submetidos a um questionário sobre: idade, sexo, categoria profissional; tipo e tempo de contato profissional com derivados do látex; tipo de luva; sinais/sintomas sugestivos de sensibilização ao látex dentro e fora do ambiente hospitalar; sinais/sintomas sugestivos de atopia e de alergia a alimentos. RESULTADOS: Foram avaliados 326 questionários (193 mulheres e 133 homens, com idade entre 30 e 73 anos). Setenta e cinco por cento dos entrevistados apresentaram até 10 anos de tempo na profissão. A prevalência dos sinais/sintomas sugestivos de sensibilização ao látex dentro do ambiente hospitalar em relação aos grupos compostos pelos funcionários do Setor de Contabilidade (não expostos a derivados do látex no ambiente de trabalho) e o restante dos indivíduos (expostos a derivados do látex no ambiente de trabalho) mostrou diferença significativa (p < 0,001). A porcentagem de sinais/sintomas sugestivos de sensibilização ao látex no ambiente hospitalar foi maior nos indivíduos com maior tempo médio de uso de luvas por dia. CONCLUSÕES: Este estudo mostrou maior prevalência de sinais/sintomas sugestivos de sensibilização ao látex entre os profissionais expostos aos derivados do látex em ambiente hospitalar e com maior tempo de contato com luvas de qualquer tipo. Assim, torna-se clara a necessidade de se prosseguir esta pesquisa, para confirmação laboratorial da sensibilização ao látex, assim como propor à Instituição a adoção de medidas de prevenção da sensibilização ao látex. Deve haver conscientização de que profissionais da área da saúde constituem uma população de risco para alergia aos derivados do látex.

Palavras-chave

ALERGIA, DOENÇAS, HIPER-SENSIBILIDADE

Abstract

BACKGROUND AND OBJECTIVES: In the literature, the references on adverse reactions to latex products have been significantly increasing for the last few years. However, it lacks Brazilian data regarding the prevalence of latex-related sensitization in health care workers. The objective of this study was to evaluate the prevalence of signs and symptoms suggestive of latex-related sensitization in health care workers. METHODS: Upon approval by the Ethics Committee it were selected a population of subjects from the Institution's departmental workforce: the Surgical Center Cleaning, Accounting and Nursing personnel and the physicians working at the Surgery, Gynecology, Obstetrics, Anesthesiology, Intensive Care Unit and Medical Clinics. After the informed consent has been obtained, the subjects were submitted to a questionnaire on: age, gender, professional category; type and length of time in contact with latex products; type of gloves; signs/symptoms suggestive of latex-related sensitization (LS) in and out of the hospital environment; signs/symptoms suggestive of atopy and food allergy. RESULTS: A total of 326 questionnaires were evaluated (193 women and 133 men, aged between 30 and 73 years old). Out of this total, 75% of interviewees had up to 10-year length of service in their professions. The prevalence of signs/symptoms suggestive of sensitization to latex in the hospital environment, between the group of employees working in the Accounting Sector (therefore not exposed to latex in the workplace) and the remaining employees (exposed to latex products in their working environment) was significantly different (p<0.001). Also, the percentage of signs/symptoms suggestive of LS in the hospital environment was higher in subjects showing higher average time of use of gloves per day. CONCLUSIONS: The present study demonstrated higher prevalence of signs/symptoms suggestive of LS among those workers exposed to latex products in the hospital environment and with higher contact time with any type of gloves. Therefore, it is clear the need to proceed with this research, for laboratorial confirmation of the latex-related sensitization, as well as that a proposal be submitted to the Institution towards the adoption of preventive measures regarding latex-related sensitization issue. Also, a consensus must exist to the fact that the health care workers comprise a population in risk for allergy to latex products.

Keywords

ALERGY, DISEASES, HYPER-SENSIBILITY

References

Forte WCN, Neto FA. Mathias LAST - Reações anafiláticas ao látex. Diagnóstico e Tratamento. 2003;8:127-131.

Hirshman CA. Latex anaphylaxis. Anesthesiology. 1992;77:223-225.

Weiss ME, Hirshman CA. Latex allergy. Can J Anaesth. 1992;39:528-532.

Cremer R, Hoppe A, Kleine-Diepenbruck U. Natural rubber latex allergy: prevalence and risk factors in patients with spina bifida compared with atopic children and controls. Eur J Pediatr. 1998;157:13-16.

Blanco C, Carrillo T, Castillo R. Latex allergy: clinical features and cross-reactivity with fruits. Ann Allergy. 1994;73:309-314.

McFadden ER. Natural rubber latex sensitivity seminar: conference summary. J Allergy Clin Immunol. 2002;110(^s2):S137-S140.

Yunginger JW, Jones RT, Fransway AF. Extractable latex allergens and proteins in disposable gloves and other rubber products. J Allergy Clin Immunol. 1994;93:836-842.

Mathias LAST, Piccinini Filho L, Batti MAS. Reações Anafiláticas e Anafilactóides em Anestesia. Anestesiologia - Princípios e Técnicas. 2004:1191.

Kim K, Hussain H, Beall G. Latex allergy and IgE antibodies to foods. J Allergy Clin Immunol. 1998;101:S208.

Levy DA, Mounedji N, Noirot C. Allergic sensitization and clinical reactions to latex, food and pollen in adult patients. Clin Exp Allergy. 2000;30:270-275.

Hamid RK. Latex allergy: diagnosis, management, and safe equipment. ASA Refresher Courses Anesthesiol. 1996;24:86-96.

Holzman RS. Clinical management of latex-allergic children. Anesth Analg. 1997;85:529-533.

Nieto A, Estornell F, Mazon A. Allergy to latex in spina bifida: a multivariate study of associated factors in 100 consecutive patients. J Allergy Clin Immunol. ;98:1996.

Konrad C, Fieber T, Gerber H. The prevalence of latex sensitivity among anesthesiology staff. Anesth Analg. 1997;84:629-633.

Nettis E, Assennato G, Ferrannini A. Type I allergy to natural rubber latex and type IV allergy rubber chemicals in health workers with glove-related skin symptoms. Clin Exp Allergy. 2002;32:441-447.

Poole CJ, Nagendran V. Low prevalence of clinical latex allergy in UK health care workers: a cross-sectional study. Occup Med. 2001;51:510-512.

Sussman GL, Liss GM, Deal K. Incidence of latex sensitization among latex glove users. J Allergy Clin Immunol. 1998;101:171-178.

Potter PC, Crombie I, Marian A. Latex allergy at Groote Schuur Hospital: prevalence, clinical features and outcome. S Afr Med J. 2001;91:760-765.

Swanson M, Zakharov S, Luss L. Latex aeroallergen quantification in hospitals of Moscow, Russia. Ann Allergy Asthma Immunol. 2001;87:307-310.

Goudouris E, Machado M, Prado E. Hipersensibilidade ao látex. Rev Soc Bras Alerg Imonol. 1993;16:32-34.

Mathias LAST, López S, Domenico MSD. Reação anafilática ao látex. Rev Bras Anestesiol. 1995;45:275.

D'Ottaviano CR, Marques EL, Umezu LRC. Reação anafilática ao látex em paciente pediátrico portador de bexiga neurogênica: Relato de caso. Rev Bras Anestesiol. 1999;49(^sSupp):CBA122.

Mathias LAST, Piccinini Filho L, Acquati GF. Sensibilidade ao látex: Relato de caso. Rev Bras Anestesiol. 1999;49:119.

Miyoshi E, Soares SI, Sucheck JSC. Alergia ao látex: complicação anestésica cada vez mais freqüente. Relato de casos. Rev Bras Anestesiol. 1999;49(^sSupp):108.

Spindola MAS, Gomes HP, Mazzuco RM. Reação anafilática ao látex no transoperatório: Relato de caso e conduta diagnóstica. Rev Bras Anestesiol. 2000;50(^sSupp):98B.

Linde H, Fernandes AC, Allarcon JB. Distúrbios na formação do tubo neural e alergia ao látex. Rev Bras Anestesiol. 2001;51(^sSupp):177B.

Moreira MD. Sobre um caso de anafilaxia em profissional de saúde. JBM. 2002;82:44-5.

Cerqueira BGP, Kraychete DC, Filho JAL. Alergia ao látex: Relato de caso. Rev Bras Anestesiol. 2003;53(^sSupp):155.

Freitas WLS, Carraretto AR, Montebeller F. Reação ao látex durante anestesia em paciente paraplégico: Relato de caso. Rev Bras Anestesiol. 2003;53(^sSupp):157.

Oliveira GS, Gomes DBG, Pimentel LG. Alergia ao látex: Relato de caso. Rev Bras Anestesiol. ;2003(53^sSupp):156.

Soares ISC, Suchek JSC, Simões CM. Manifestações intra-operatórias da sensibilização ao látex: Relato de caso. Rev Bras Anestesiol. 2003;53(^sSupp):156.

Higushi ST, Slikta Filho J, Imperatriz PC. Anestesia para paciente com alergia ao látex: Relato de caso. Rev Bras Anestesiol. 2004;54(^sSupp):209B.

Spindola MA, Almeida C, Mazzucco RM. Choque anafilático causado pelo látex no intra-operatório: Relato de caso. Rev Bras Anestesiol. 2004;54:179B.

Spindola MA, Pinheiro JT, Mazzucco RM. Identificação do agente causal, após reação alérgica intra-operatória: Relato de caso. Rev Bras Anestesiol. 2004;54(^sSuppl):180B.

Liss GM, Sussman GL, Brown S. Latex allergy: epidemiological study of 1351 hospital workers. Occup Environ Med. 1997;54:335-342.

Vandenplas O, Jamart J, Delwiche JP. Occupational asthma caused by natural rubber latex: outcome according to cessation or reduction of exposure. J Allergy Clin Immunol. 2002;109:125-30.

Brown R, Schauble J, Hamilton R. Prevalence of latex allergy among anesthesiologists: identification of sensitized but asymptomatic individuals. Anesthesiology. 1998;89:292-299.

Steiner DJ, Schwager RG. Epidemiology, diagnosis, precautions, and policies of intraoperative anaphylaxis to latex. J Am Coll Surg. 1995;180:754-761.

Edelstam G, Arvanius L, Karlsson G. Glove powder in the hospital environment: consequences for healthcare workers. Int Arch Occup Environ Health. 2002;75:267-271.

Tarlo SM, Easty A, Eubanks K. Outcomes of a natural rubber latex control program in an Ontario teaching hospital. J Allergy Clin Immunol. 2001;108:628-633.

Mitakakis TZ, Tovey ER, Yates DH. Particulate masks and non-powdered gloves reduce latex allergen inhaled by healthcare workers. Exp Allergy. 2002;32:1166-1169.

Hamilton RG, Adkinson NF. Diagnosis of natural rubber latex allergy: multicenter latex skin testing efficacy study: Multicenter Latex Skin Testing Study Task Force. J Allergy Clin Immunol. 1998;102:482-490.

, . Task Force on Allergic Reactions to Latex. American Academy of Allergy and Immunology: Committee report. J Allergy Clin Immunol. 1993;92:16-18.

A Prevention Guide. .

5dd433e70e88258346c63494 rba Articles
Links & Downloads

Braz J Anesthesiol

Share this page
Page Sections