Brazilian Journal of Anesthesiology
https://bjan-sba.org/article/doi/10.1590/S0034-70942004000400004
Brazilian Journal of Anesthesiology
Scientific Article

Peridural torácica alta associada ou não à peridural torácica baixa em pacientes ambulatoriais: implicações clínicas

High thoracic epidural anesthesia associated or not to low thoracic epidural anesthesia in outpatient procedures: clinical implications

Djalma Sperhacke; Karl Otto Geier; João Carlos Correia Eschiletti

Downloads: 0
Views: 725

Resumo

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Sob bloqueio peridural torácico baixo ou médio, as alterações hemodinâmicas são facilmente controladas. Como o bloqueio peridural torácico alto (T2-T3) acomete, freqüentemente, as raízes do plexo braquial (C4)C5-T1(T2), algumas destas responsáveis pela formação do nervo frênico (C3-C4-C5) é de se supor, possíveis repercussões motoras deste último. O presente estudo realizado em cirurgias estéticas, sob bloqueio peridural segmentar isolado em T2-T3 ou associado ao bloqueio peridural segmentar em T11-T12, avaliou as repercussões motoras na dinâmica respiratória assim como nos membros superiores e inferiores. MÉTODO: Trinta e duas pacientes, estado físico ASA I e II, sem doença pulmonar broncoespástica, em atividade e peso corporal igual ou superior a 50 kg, foram submetidas a 21 bloqueios peridurais torácicos isolados em T2-T3 e as 11 restantes, a bloqueios combinados em T11-T12, com ropivacaína a 7,5% (45 a 90 mg) associada ao sufentanil (10 a 20 µg). Repercussões hemodinâmicas, respiratórias e motoras nos membros superiores e inferiores foram avaliadas respectivamente, sob monitorização não-invasiva, espirometria, força de preensão da mão e escala de Bromage. RESULTADOS: A média de duração das cirurgias mamárias foi de 105 minutos com depressão motora dos membros superiores (p < 0,001), com recuperação motora acontecendo aos 117,2 ± 51,3 minutos e a primeira manifestação de dor aos 485 ± 221,2 minutos. As cirurgias combinadas, que tiveram uma duração média de 165 minutos, com depressão motora dos membros inferiores grau 1, em 40% e grau 2, em 60% das pacientes pela escala de Bromage, sua recuperação ocorreu aos 223,9 ± 57,1 minutos e a primeira manifestação de dor em repouso, aos 555 ± 197,9 min. As funções pulmonares, VEF1 (l/seg); PFE (l.min-1); CVF (litros) apresentaram-se alteradas respectivamente, em 15,20% (p < 0,009); 13,36% (p < 0,029) e 18,09% (p < 0,007), com elevação de 8,75% do VEF1/CVF (p < 0,162). Hipotensão arterial (< 30 % dos valores iniciais) e bradicardia (< 55 bpm) ocorreram em cinco pacientes e tremores durante os bloqueios, em treze pacientes. CONCLUSÕES: Sob bloqueio torácico alto ou cérvico-torácico com doses e volumes reduzidos de soluções anestésicas, ocorrem repercussões motoras nos membros superiores e nas funções pulmonares. No entanto, a julgar por observações preliminares e do presente estudo, as alterações espirométricas foram estatisticamente significativas, porém, sem expressão clínica na dinâmica respiratória, sendo essencialmente decorrentes da paralisia dos nervos intercostais, mais que do nervo frênico.

Palavras-chave

ANESTESIA, TÉCNICAS ANESTÉSICAS, TÉCNICAS ANESTÉSICAS

Abstract

BACKGROUND AND OBJECTIVES: Hemodynamic changes are easily controlled under low or median thoracic epidural block. Since high thoracic epidural block (T2-T3) often affects brachial plexus roots (C4) C5-T1(T2), some of them responsible for phrenic nerve formation (C3-C4-C5), potential motor repercussions on this nerve are to be expected. Our study performed during cosmetic surgeries under isolated segmental epidural block in T2-T3 or associated to segmental epidural block in T11-T12, has evaluated motor repercussions on respiratory dynamics, upper and lower limbs. METHODS: Participated in this study 32 patients physical status ASA I and II, without active bronchospastic pulmonary disease and body weight equal to or above 50 kg, 21 of whom were submitted to isolated thoracic epidural blocks in T2-T3 and the remaining patients (11) were submitted to a combined thoracic epidural blocks in T11-T12 with 7.5% ropivacaine (45 to 90 mg) associated to sufentanil (10 to 20 µg). Hemodynamic, respiratory and upper and lower limbs motor repercussions were evaluated by noninvasive monitoring, spirometry hand grasping strength and Bromage score, respectively. RESULTS: Mean mammary surgeries duration was 105 minutes with upper limbs motor depression (p < 0.001), with motor recovery at 117.2 ± 51.3 min and first pain complaint at 485 ± 221.2 min. Combined surgeries with mean duration of 165 min, with lower limbs motor depression level 1 in 40% and level 2 in 60% of patients according to Bromage score, with recovery at 223.9 ± 57.1 min and first pain complaint at rest at 555 ± 197.9 min. Pulmonary functions VEF1 (L/sec); PFE (L.min-1); FVC (liters) were changed in 15.20% (p < 0.009); 13.36% (p < 0.029) and 18.09% (p < 0.007), respectively, with 8.75% VEF1/FVC increase (p < 0.162). There has been hypotension (< 30% above baseline values) and bradycardia (< 55 pbm) in 5 patients and shivering during blockade in 13 patients. CONCLUSIONS: Under high thoracic or cervico-thoracic blockades with decreased anesthetic solution doses and volumes, there have been upper limbs and pulmonary functions motor repercussions. However, according to preliminary observations and this study, spirometric changes were statistically significant, but without clinical expression in respiratory dynamics, being essentially more a consequence of intercostal nerves than of phrenic nerve paralysis.

Keywords

ANESTHESIA, ANESTHETIC TECHNIQUES, ANESTHETIC TECHNIQUES

References

Figueiredo RR. Nossa experiência com 1201 casos de anestesia extradural. Rev Bras Cirurgia. 1948:133-152.

Gouveia MA, Ribeiro RC. Anestesia peridural cérvico-torácica. Rev Bras Anestesiol. 1974;24:238-248.

Leão DG. Peridural torácica: estudo retrospectivo de 1240 casos. Rev Bras Anestesiol. 1997;47:138-147.

Nociti JR, Serzedo PSM, Zuccolotto EB et al. Ropivacaína em bloqueio peridural torácico para cirurgia plástica. Rev Bras Anestesiol. 2002;52:156-165.

Imbelloni LE. Avaliação da função motora abdominal e parâmetros ventilatórios após peridural torácica. Rev Bras Anestesiol. 1988;38:233-236.

Stevens RA, Frey K, Sheikh T. Time course of the effects of cervical epidural anesthesia on pulmonary function. Reg Anesth Pain Med. 1998;23:20-24.

Bromage PR. A comparison of the hydrochloride and carbon dioxide salts dioxide salts of lidocaine and prilocaine in epidural analgesia. Acta Anaesthesiol Scand. 1965;16:55-69.

Mackenzie N, Grant IS. Propofol for intravenous sedation. Anaesthesia. 1987;42:3-6.

Geier KO, Rocha VHB. Bloqueio contínuo do plexo lombar via compartimento ilíaco, combinado com bloqueio contínuo do nervo femoral em trauma grave de membro inferior: Relato de caso. Rev Bras Anestesiol. 2001;51:53-58.

Gwirtz KH. Single-Dose Intrathecal Opioid in the Management of Acute Postoperative Pain. Acute Pain. 1992:253-268.

Carpenter RL, Mackey DC. Local Anesthetics. Clinical Anesthesia. 1989:371-403.

Fink BR. Mechanism of differential epidural block. Anesth Analg. 1986;65:325-329.

Raymond SA, Strichartz GR. The long and short of differential block. Anesthesiology. 1989;70:725-728.

Sala-Blanch X, Izquierdo E, Fita G. Maintained unilateral analgesia. Acta Anaesthesiol Scand. 1995;39:132-135.

Asato F, Hirakawa N, Oda M. A medium epidural septum is not a common cause of unilateral epidural blockade. Anesth Analg. 1990;71:427-429.

Peduto VA, Tani R, Marinelli L et al. Bilateral analgesia and unilateral paresis after lumbar epidural blockade. Anesth Analg. 1992;74:294-296.

Gray H. Anatomia. 1977:782-788.

Netter FH. Atlas of Human Anatomy. 1997:405.

Kainuma M, Shimada Y, Matsuura M. Cervical epidural anaesthesia in carotid artery surgery. Anaesthesia. 1986;41:1020-1023.

Bonnet F, Derosier JP, Pluskwa F. Cervical epidural anaesthesia for carotid artery surgery. Can J Anaesth. 1990;37:353-358.

Takasaki M, Takahashi T. Respiratory function during cervical and thoracic extradural analgesia in patents with normal lungs. Br J Anaesth. 1980;52:1271-1276.

Wittich DJ, Berny JJ, Davis RK. Cervical epidural anesthesia for head and neck surgery. Laryngoscope. 1984;94:615-619.

Ullman DA, Schmitt L. Tracheostomy performed under cervical epidural blockade. Anesthesiology. 1989;71:161-162.

Mineo R, Sharrock NE, Castellano P. Effects of adding epinephrine to epidural bupivacaine assessed by thoraco-abdominal muscle strength. Reg Anesth. 1990;15:A1.

Urmey WF. Marked distortion of rib cage expansion during epidural anesthesia as measured by magnetometry. Reg Anesth. 1990;15:70.

Egbert LD, Tamersoy K, Deas TC. Pulmonary function during spinal anesthesia: the mechanism of cough depression. Anesthesiology. 1961;22:882-885.

Askrog VF, Smith TC, Eckenhoff JE. Changes in pulmonary ventilation during spinal anesthesia. Surg Gynecol Obstet. 1964;119:563-567.

Guyton AC. Tratado de Fisiologia Médica. 1988:446-456.

Novaes MVM, Francisco CRL, Pimenta KB. Estudo comparativo entre bupivacaína a 0,25% e ropivacaína a 0,2% em anestesia peridural para cirurgia torácica. Rev Bras Anestesiol. 2001;51:493-502.

Van Zundert A, Vaes L, Van der AaP . Motor block during epidural anesthesia. Anesth Analg. 1986;65:333-336.

Stevens RA, Artuso JD, Kao TC. Changes in human plasma catecholamine concentrations during epidural anesthesia depend on the level of block. Anesthesiology. 1991;74:1029-1034.

Bouaziz H, Vial F, Jochum D. An evaluation of the cutaneous distribution after obturator nerve block. Anesth Analg. 2002;94:445-449.

Bello CN. Recuperação pós-anestésica - escalas de avaliação, princípios gerais. CEDAR - Centro de Estudos de Anestesiologia e Reanimação da Disciplina de Anestesiologia da FMUSP. 2000;IV:4-9.

5dd7dc390e88257a5113f286 rba Articles
Links & Downloads

Braz J Anesthesiol

Share this page
Page Sections